Este é aquele recorte que a Carol fez do texto que eu enviei "A cidade repete o homem. Para exceder a cidade, um corpo" da artista visual e pesquisadora Cristina Ribas escrito a partir do trabalho de intervenção urbana desenvolvido por Guga Ferraz. O texto foi retirado do site da revista redobra: http://www.corpocidade.dan.ufba.br/redobra/ que, por sua vez, faz parte do projeto CORPOCIDADE, do vale muito a pena a gente se inteirar mais: http://www.corpocidade.dan.ufba.br/
Segue o recorte do texto.:
Desafio desejado de não repetir a si como elemento na cidade mercadoria, mas encontrar o lugar da ação potente. Não da resposta reconhecível. Fazer-se corpo coletivo, corpo partido-com o corpo do outro.
O corpo não é a cidade. Porém tem relação com ela. E pode ser então que um corpo exista expulsando-se do corpo do outro, tomando espaço, ocupando. Expulsando-se do corpo da cidade. O corpo (humano) é uma superfície sensível, capaz de afetar e de sentir. Capaz de repetir e de diferir. Mas nunca existe na unidade. Existe contaminado, híbrido, modificado, incompleto. Corpos e territórios se mesclam, fazendo-se pela repetição e pela diferença na proximidade de outro corpo sensível, na dimensão de um poder ou do seu assujeitamento. Agora, sobre o corpo que se faz por fora do medo, me parece que sobrevive por que na confusão dinâmica produz uma estratégia (nem sempre artística). Esconde-se no escuro. Pula o muro
Multifacetada em camadas, a cidade e seus equipamentos só podem ser medidos também na experiência do corpo. Traficar será movimentar por fora dos instrumentos de controle, de constituição da cidade funcional, maquinal, estado, poder. A arte pode ser uma linha de fuga, se souber mover-se.
Um corpo é uma ferramenta na cidade. Usado sob a força do comando que o faz agenciar elementos, valores, mercadorias. Um corpo é como um mapa para uma cidade: só uma ferramenta. Da mesma forma, ao revés indissolúvel, o espaço da cidade é para um corpo o local de sua produção. São elementos de uma equação nunca repetível. Ou sim. Se assim se afirma. A cidade repete o homem porque suporta máquinas de fazer o corpo do homem dentro da proteção e do medo.
O medo é coletivo. Ou comum
Fazer arte na rua é despertencer da arte. Cidade-da-arte que repete um homem. Mas o que se propõe?
Do que se protegem os corpos na cidade? Ser artista é desnudar a si. Diferente do trabalho na rua, na galeria tudo tem identidade, assinatura, autoria. Institui-se. Retira o artista do anonimato e insere sua produção numa resposta formalizada e por isso mesmo perigosa
Tenho pensado muito sobre o filtro pelo qual nós queremos mergulhar a partir desse grande tema CIDADE. Para mim fica cada vez mais forte a resposta que o corpo dá para uma relação de tensão entre o que é ser livre e o que é repressor no cotidiano da cidade. A rua como um espaço paradoxal mesmo, no limite entre público e privado, entre autonomia e repressão, entre a liberdade e o medo.
Beijos!!!!
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